domingo, 3 de abril de 2005

bailado, boi alado












eis o homem, caro leitor. mas os poetas são animais duma exótica espécie antediluviana, onde todos os seres vindouros e passados coexistem, misturando e confundindo as suas formas. lembram os bois alados de dario. com as patas esmagam a terra e as suas asas fendem as nuvens e vão queimar-se nas estrelas. são monstros. aterrorizam os deuses e os demónios; os demónios com as patas e os deuses com as asas. e os homens passam por eles na rua, como quem passa por outro homem... não admira; cada homem é a medida do universo. por isso, ele cabe dentro do palmo do meu vizinho sapateiro e do palmo de newton... pobre universo e pobre newton.

xxxv, o bailado,
teixeira de pascoaes, 1921.

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