quarta-feira, 28 de julho de 2004

a gente furnandes












a meia duzia de metros da esplanada do café santa cruz, um homem visivelmente perturbado, visivelmente mental, perturba a ordem pública. as empregadas das lojas vizinhas vêm à porta e soltam risadas histéricas. o agente furnandes, josé furnandes, entra em acção. o homem grita-lhe a plenos pulmões a surdina de um pedido de ajuda. um desrespeito à autoridade está bem de ver. era evidente para o circo urbano em volta que bastava uma mão sobre o ombro e um pouco de atenção às súplicas do alienado. mas o agente furnandes resolve puxar do casse-tête e agredi-lo violentamente. a indignação do público de nada adiantou. chegaram prontamente os reforços da esquadra a cem a metros e conduziram o prevaricador à urgência do hospital. ainda tentaram atropelar as vaias e apupos. ainda tentaram soltar a energia que afinal não gastaram no euro 2004. ainda me pareceu ouvir uns gritos de guerra ensaiados para os holligans. o agente furnandes tem cara de quem ficou de fora do euro. não deve ter sido apurado. os reforços tinham cara de formação na academia de policía com eventuais pós-graduações em guerrilha urbana. perto deste espectáculo estavam observadores internacionais destacados para provarem umas cervejas lusas. levam uma triste fotografia digital da gente furnandes.

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